Smart Energy, Smart Communities - Energia Inteligente, Comunidades Inteligentes
Wednesday, December 23, 2015
A corporação monopolista que provocou a Revolução Norte Americana
Há quem acredite que os endividados do sul da Europa, oprimidos pelo poderio das mega-corporações financeiras e monopolistas e seus governos comprados, deveriam reclamar a violação dos seus direitos defendidos em papel mas não em realidade, afirmando a sua dignidade e liberdade com as suas próprias “festas do chá,” livres de violência, mas cheios de simbolismo e desobediência.
Hoje, o método princípio de abuso é a forma como o dinheiro é criado e investido. A dívida que resulta do sistema bancário por design, das rendas de monopólios e de risco de investimentos à "casino" cai sobre os contribuintes. Entretanto, os lucros em grande parte vão para o ultra-ricos que compram legislação para pagar menos impostos, mesmo que signifique cortes para o 99% porque “não há dinheiro.” Aqueles que mais precisam de investimento para realmente produzir e contribuir, não não têm acesso ou só com um custo proibitivo – em cima das dívidas e taxas pesadas. Aqueles que menos precisam, tem acesso quase ilimitado para apostar com o que não é deles sem sofrer consequencias.
O Tea Party de hoje poderá ser uma moeda digital paralela, que é controlada por um conselho descentralizado dos cidadãos, com consulta a especialistas, nem nas mãos de políticos, nem em mãos mega-capitais, que pode regular a criação, empréstimo e investimento desta moeda digital que pode ser usada dentro de determinadas regiões, países ou alianças de países. Na Escócia já se considerar algo assim. Com ou sem Festa do Chá, vale a pena lembrar 16 de Dezembro de 1773.
1773: A "Festa do Chá" em Boston
No dia 16 de dezembro de 1773, os habitantes das colônias norte-americanas rebelaram-se contra uma decisão arbitrária da metrópole inglesa, atirando 45 toneladas de chá ao mar no porto de Boston.
Há mais de 250 anos, várias regiões do nordeste da América do Norte ainda eram dominadas pela Inglaterra. Os imigrantes das colônias gozavam de poucos direitos, e o produto do seu trabalho servia a um único objetivo: enriquecer a metrópole. A Inglaterra cobrava impostos das colônias sobre produtos como chá, açúcar, vinho, papel e tinta.
Os imigrantes se perguntavam na época se era legítimo deixar-se comandar pela coroa dessa forma, mesmo sem estar representado no Parlamento inglês. Vários deles começaram então a exigir a extinção dos impostos enquanto não pudessem ter representantes participando das decisões governamentais [“No taxation without representation” – “Não aos impostos sem representação”].
Boicote
A resistência contra a metrópole crescia a cada dia. Em 1768, John Dickinson escreveu a primeira canção patriótica dos Estados Unidos, a Liberty Song ("Canção da Liberdade"). Na época, foi iniciado um verdadeiro boicote aos produtos ingleses. As mulheres norte-americanas, por exemplo, começaram a tecer seus próprios panos, deixando de comprar tecidos ingleses.
Os imigrantes passaram a evitar até mesmo o consumo do chá e do açúcar vindos da Inglaterra. O comércio era dominado em grande parte pelos traficantes, como o famoso John Hancock, que obviamente não cobravam impostos. O governo inglês, por sua vez, forçado a reagir rapidamente, decidiu em 1770 extinguir todas as taxas especiais cobradas das colônias americanas. Restaram apenas os impostos sobre o chá inglês.
Principal produto de consumo da sociedade norte-americana da época, o chá era apreciado não só pela elite, mas por todas as camadas da população. Exatamente por isso, a insistência da metrópole no imposto sobre o chá causou grande irritação entre os imigrantes nas colônias. Essa irritação cresceu ainda mais quando o governo inglês, em maio de 1773, deu à Companhia da Índia Oriental (East India Company) permissão para vender sua produção de chá sob condições especiais à colônia.
Privilégios
Interessada em ajudar a companhia, a metrópole inglesa permitiu que ela deixasse de pagar taxas alfandegárias, em função das dificuldades financeiras em que se encontrava. Outros comerciantes das colônias temeram que a Companhia da Índia Oriental pudesse passar a monopolizar o mercado e opuseram-se então, por razões econômicas, à entrada desse chá no país.
Enquanto os navios da companhia aportavam em Nova York, Filadélfia, Charleston e Boston, os comerciantes locais organizavam movimentos de resistência. Em duas cidades, os navios foram obrigados a retornar ao destino de origem. Apenas em Boston, o governador conseguiu fazer com que o chá fosse desembarcado. Na noite do dia 16 de dezembro de 1773, cinco mil pessoas reuniram-se na cidade para protestar contra a decisão oficial.
Protestos
Um grupo de 50 a 100 homens, fantasiados de índios, foram até o porto de Boston, esvaziaram os navios e atiraram cerca de 45 toneladas de chá ao mar. George Hewes, um dos participantes da ação, descreveu mais tarde o ocorrido: "De manhã, depois que nós atiramos o chá ao mar, descobrimos que ainda havia grandes quantidades boiando sobre a água. Para evitar que qualquer pessoa pudesse pegar esse chá para uso pessoal, foram enviados três pequenos barcos a todos os lugares onde ele ainda podia ser avistado. Ali, os homens empurravam o chá com remos, até que ele ficasse completamente molhado e, com isso, inaproveitável."
O acontecimento ficou conhecido em todo o país sob o nome de Boston Tea Party (Festa do Chá de Boston). Os homens que lançaram o chá ao mar foram imitados em várias outras cidades do país e acabaram ficando conhecidos como os primeiros heróis do movimento pela independência dos Estados Unidos.
Segundo explica o alemão Hartmut Keil, especialista em assuntos relativos à América do Norte, "a maioria desses homens era de trabalhadores braçais, entre eles operários da construção civil, pintores e carpinteiros. Alguns intelectuais estavam também presentes – um professor e um médico, por exemplo –, o que prova o alcance da manifestação".
Após o ocorrido, o governo inglês puniu severamente os habitantes de Boston, fechando o porto da cidade [até que as companhias lesadas pelo Boston Tea Party fossem indemnizadas] e delegando aos militares o direito de ocupar casas de civis..
Em resposta, 12 das 13 colónias uniram-se naquele que ficou conhecido como o Primeiro Congresso Continental. Durante a reunião, discutiram alternativas, entre as quais o boicote ao comércio britânico, e escrevem uma carta ao rei George III, denunciando as injustiças e o grau de excessividade das medidas tomadas.
Sem o apoio do rei, as colónias voltaram a reunir-se em 1775, no segundo Congresso de Filadélfia. Foi neste encontro que Thomas Jefferson escreveu a famosa Declaração da Independência dos Estados Unidos, promulgada um ano depois no dia 4 de Julho de 1776.
Tuesday, December 8, 2015
New Economics: Latest Thinking and Actions
http://www.iacworld.org/?s=Economics&lang=enEthical alternatives to Cooperative Banking
http://www.theguardian.com/money/2013/oct/23/ethical-alternatives-co-operative-bank
Selected articles from New Economics Foundation:
Systemic Change
Revealed: how corporations captured our democracy
Recent revelations about VW cheating emissions tests have underlined the obvious fact that private business interests are not the same as those of the public.
http://www.neweconomics.org/
New Indicators
http://www.neweconomics.org/
http://www.neweconomics.org/
If we want a future based on social, economic and environmental justice, we have to organise for it now. That means constantly learning from others who are fighting and winning their struggles, not just in Britain but around the world.http://www.neweconomics.org/
Five indicators beyond GDP: In our new report released today, we set out five headline measures of national success for the UK. Our aim is to re-align government policies with what evidence has shown that we, the UK public, want our economy to deliver. In it, we have moved from an economy of over-consumption, through-put and waste, and the anachronism of overwork and unemployment, to one which the ecological economist Herman Daly describes as, "a subtle and complex economics of maintenance, qualitative improvements, sharing, frugality, and adaptation to natural limits. It is an economics of better, not bigger." Life satisfaction scores tend to be much higher among people with a more communally oriented set of values than those who are materialistic and individualistic. They are also less driven to consume for its own sake. Kick the addiction. Get time-rich. Be happy.
Adopting these indicators – which capture performance on Good Jobs, Wellbeing, Environment, Fairness and Health – will provide a clear picture of the UK’s social and economic performance, and focus policy-makers attention on the things that genuinely matter to the UK public.
Monday, December 7, 2015
From Plato's Cave to Global Change
From Plato’s cave to global change
Thursday, November 12, 2015
[PT] De-centralizar o poder para uma democracia mais plena
Ponha o seu dinheiro em uma cooperativa de crédito - em seguida, participe de sua governança. Não encontra uma boa? Ajude a criar uma. Conheça mais a cerca de novas tecnologias como o "block chain" usado pelo bitcoin e a faircoin e novas políticas de criação de dinheiro soberano como o Positive Money (Dinheiro Positivo).
Ajude a criar uma cooperativa de trabalhadores ou encorajar as empresas interessadas em fazer a transição para empregados proprietários e adoptar normas e contributos sociais e ambientais como parte de suas missões. Do País Basco até o Cleveland, vemos cada vez mais companhias de gestão e propriedade dos próprios trabalhadores, com provisões pró-comunidade e pró-ambiente. Mais democracia no trabalho, onde passamos tantas horas, pode encorajar mais democracia na governação local e nacional.
Friday, November 6, 2015
[PT] Como resgatar a democracia Portuguesa
É curioso, então, que foi o mesmo Galton, produto da sua era, e logo do nosso ponto de vista actual, bastante racista e elitista, que fez uma descoberta científica chave que abalou o seu paradigma. Por curiosidade, foi a uma feira popular camponesa, onde se deparou com um jogo com uma multidão de gente comum e diversa sem "experts" - o pesadelo e alvo de desdém do elitista. O jogo consistia em adivinhar o peso de um boi - ganhava quem estivesse mais próximo do peso correcto. Os resultados geraram certa inquietude, pois parecia que o grupo tinha um certo tipo de inteligência de grupo superior a qualquer dos indivíduos, mas
Assim começou o estudo de fenómenos de inteligência
Depois das revoluções Norte-Americanas e Francesas, os intelectuais não acreditavam que o povo fosse capaz de deliberar e fazer decisões sensatas - provavelmente também temiam uma redução no seu poder e viam uma ameaça aos seus interesses financeiros. Eleições e partidos dão a impressão de democracia e debate, mas permitem as oligarquia. As liberdades e distrações, assim como as divisões partidárias, permitem as pessoas falarem o que pensam mas renderem-se a um tipo de derrotismo ou alternância, votando não em representantes mas em mestres das elites.
O problema da pseudo-representação
É quase impossível, na prática, que representativos políticos representem a população adequadamente, pois não são directamente eleitos em Portugal. Mesmo que deputados sejam eleitos como nos Estados Unidos, cada cidadão tem uma combinação de valores, prioridades e atitudes em relação a vários temas. Mesmo que esteja de acordo com um deputado ou um partido em relação a um tema ou decisão, não vai estar sempre de acordo em outras áreas. Logo, o principio de que um representante é verdadeiramente representativo da vontade dos cidadãos que diz representar é falacioso -- mesmo que tenha as melhores das intenções e ética.
Sabemos, também, pela experiência e lógica, que os cargos políticos tem poder e são de longa duração, o que atrai pessoas carismáticas mas facilmente corruptíveis e os torna alvo dos interesses corruptores. Ou seja, os menos adequados ao serviço publico são frequentemente eleitos e acabam por servir-se do publico. Na Grécia Antiga, berço da democracia, reconhecendo este problema, chegaram a ter assembleias abertas (com limites culturais da altura - só participavam cidadãos, homens proprietários), e vários cargos na base de sorteios e termos curtos e limitados, assim como processos de castigo e ostracismo para aqueles que abusavam da posição.
1.2 — Possibilidade de iniciativa popular de referendo de âmbito nacional, regional, municipal ou de freguesia, para revogação de leis vigentes, iniciativas governativas ou mandatos políticos.
1.3 — Reformulação da lei da iniciativa legislativa de cidadãos, com a redução do número mínimo de assinaturas necessárias e o alargamento do âmbito de incidência das propostas de lei.
1.4 — Candidaturas de Grupos Independentes de Cidadãos à Assembleia da República, se cumpridos os critérios legais a estabelecer para o efeito, nomeadamente uma representação nacional mínima, que evite fenómenos de caciquismo local.
1.5 — Redefinição dos círculos eleitorais, visando aproximar mais os eleitos dos eleitores, com uma eventual alteração do método de apuramento dos resultados (em alternativa ao atual método de Hondt).
1.6 — Possibilidade de voto do cidadão eleitor no nome da pessoa candidata ou na lista da sua preferência (voto preferencial), em vez de só se poder optar pelo partido, como sucede actualmente.
1.7 — Introdução de um mecanismo legal que vincule inequivocamente cada eleito aos compromissos assumidos: o Contrato Eleitoral. A violação grave deste princípio deve ser considerada como justa causa para o pedido de revogação do mandato desse eleito, por via judicial ou através de Referendo de Iniciativa Cidadã.
1.8 — Plataforma digital atualizada em tempo real que promova a transparência da orçamentação e execução das atividades políticas e da contratação de serviços e assessorias por parte de cada político eleito, em prol de uma maior monitorização da atividade política.
1.9 — Alteração da Lei de Financiamento dos Partidos, com a eliminação dos benefícios fiscais injustificados, redução dos índices de referência para as subvenções estatais, moderação das despesas com campanhas eleitorais e publicitação das origens e dos montantes dos financiamentos, com prestação de contas consolidadas.
1.10 — Rigoroso Estatuto de Incompatibilidades das pessoas titulares de cargos políticos e de direção da Administração Pública ou do Setor Empresarial do Estado, mais rígido, verificável e sem as habituais exceções, que lhe retiram credibilidade.
1.11 — Fim dos privilégios injustificados atribuídos a pessoas (ex-)detentoras de cargos públicos e políticos e a responsabilização civil, criminal ou disciplinar do titular de qualquer cargo político, se for inequivocamente comprovada a sua contemporização com atos de abuso das funções do Estado.
1.12 — Introdução no quadro legal de uma pena política máxima que gradue, para os prevaricadores, a inibição temporária ou vitalícia do exercício de cargos políticos, bem como a ocupação de qualquer função na Administração Pública e entidades relacionadas.
1.13 — Em suma, defendemos maior participação dos cidadãos, em prol da regeneração do nosso sistema democrático.
MAIS INFORMAÇÕES
Programa Eleitoral:
http://noscidadaos.pt/forum/
Deliberação em Porto Alegre (materiais em Português e Inglês):
http://cdd.stanford.edu/2009/
Mapa Visual do Processo Deliberativo (Espanhol):
http://cdd.stanford.edu/mm/
Programa "À Noite na Cidade" discutiu este ensaio dia 2 de Novembro de 2015
https://www.mixcloud.com/noitenacidade/20151102-%C3%A0-noite-na-cidade-programa-04/
[PT] MUDAR É FÁCIL, DIFICIL É QUERER MUDAR... - Paulo Vieira de Castro
Não raras são as vezes em que me perguntam por onde começar a mudança. Fazendo uma sempre necessária pausa, respondo: e, por onde haveria de ser? Por si! Porquê estar à espera que os outros o façam?!
Mudar, transformar-se, parece ser um desafio demasiado exigente. Afinal trata-se de alterar o curso de uma vida e isso não é tarefa fácil para a maior parte de nós! O mesmo se passa com as empresas, com as famílias, as escolas, com os relacionamentos...Quando decidimos mudar, fazemo-lo partindo da obrigação de resolver as coisas mais difíceis em primeiro lugar. Habitualmente, é isto que torna impossível tal tarefa, seja na vida particular, nas empresas, em comunidade, etc... Esta é uma opção errada mas, entre os ocidentais, muito comum.
Quando temos vários problemas só deveremos resolver um de cada vez, assim manda o bom senso. Mas, como poderemos hierarquiza-los? Explico aos meus alunos como o fazer pedindo-lhes para imaginarem uma cesta com vários tipos de fruta. Para este exercício, escolho o aluno que afirma detestar fruta de qualquer tipo. Se eu lhe pedir para tomar uma decisão tão simples quanto escolher a peça de fruta que mais gosta, para comer naquele momento, ele responde que não gosta de nenhuma, enredando-se num esquema mental sem fim... Assim, enfrentamos não um problema, mas vários. Os diversos tipos de fruta representam uma multiplicidade de problemas para este aluno. Contudo, se eu colocar o desafio de uma outra forma, pedindo-lhe para começar por eliminar a fruta que menos gosta, ele já será capaz de chegar a um resultado diferente. Sem que disso tivesse um conhecimento anterior, ele sabe agora qual a fruta de que mais gosta afinal, desbloqueando uma situação que todos julgavam sem solução à vista.
Só eliminando os problemas menores no início, teremos maior consistência na resolução das maiores dificuldades. A isto se chama há mais de 500 anos Kaizen; estratégia para a mudança. Esta palavra é, ainda para muitos, desconhecida. Kai significa mudança, Zen a filosofia que resulta do milenar convívio entre o budismo e o taoismo. No pós-guerra, o Kaizen foi, no Japão, a principal via para a excelência. Nos nossos dias, aplica-se em algumas das empresas mais importantes da economia global. E por que não haveríamos de aplicar isto ao comum dos mortais? Nas empresas, nas famílias, nas escolas,… O Kaizen alertou-nos para algo que está, agora, amplamente provado pela ciência moderna. Os pequenos passos suprimem a resistência do cérebro ante a necessidade de assumir um novo comportamento. Corrigir pequenos erros torna-se, assim, fundamental antes de chegar a resolver aqueles que se nos afiguram como intransponíveis pela sua dimensão. Para que tal seja possível, deveremos promover nos nossos relacionamentos o espírito wa, a harmonia. Esta é uma qualidade que deveremos levar para todos os ambientes.
Dependemos sempre de pequenos passos
Comecemos por entender como gerir a mudança ao nível mais simples. Tenho para mim que, na atualidade, Shakespeare se tornou num incontornável autor de autoajuda. Ele ensinou-me muitas das coisas óbvias da vida, por exemplo, que nunca deveremos criar expectativas, porque isso dói; que antes de falar, deveremos escutar; que antes de escrever, deveremos pensar; que antes de ferir, deveremos sentir. Antes de odiar, amar; antes de desistir, tentar. Só deste modo, antes de morrer, poderemos afirmar ter vivido. E quantos se esqueceram já disto?! Agora, tente praticar esta nova perspectiva de estratégia relacional. Os resultados serão imediatos, independentemente do ambiente em que se encontra, ou seja, quer faça tal exercício na empresa ou na esfera privada. São, apenas, pequenos passos… Mas qual seria para este autor a nossa maior responsabilidade? Escolher simplesmente entre “ser ou não ser; eis a questão...”. Ao mundo, chamou um imenso cenário de dementes. No destino, viu as mãos que baralham as cartas, remetendo para nós – humanos – a responsabilidade de todas as escolhas; afinal somos só nós que jogamos... Como homem que não conheceu o medo, considerando-o como a mais amaldiçoada das paixões, encontrou, ainda, na dúvida a maior das traidoras ante o medo de arriscar, mudar...
Veja que em nenhum momento fiz depender estas grandes e pequenas mudanças de um orçamento milionário. Não será por questões orçamentais, pelo efeito da crise, pelo exagerado detalhe das minhas propostas que deixará de as implementar. Então, o que é que lhe falta para começar por corrigir os pequenos erros? Eu respondo, com pequenas soluções...
Paulo Vieira de Castro – autor e conferencista (geral@paulovieiradecastro.pt
Foi mentor do Modelo de DOSHU (Dharma Marketing ) com vista à introdução de práticas ancestrais e da filosofia oriental no mundo da liderança empresarial ( 2006 ). Foi autor de: “Dharma Marketing – A Espiritualidade no Mundo dos Negócios” (2011), “Gestão Samurai – Servir para Liderar” (2013) e “Viva a Crise – O despertar da consciência em Tempos de Incerteza” (2014). Foi co-autor do manual “Marketing em Contexto de Mudança”, editado pela Universidade Lusíada (2012) e da obra “Economia e Espiritualidade - Reformando o Mundo dos Negócios" (2012). Estando há mais de uma década ligado ao ensino graduado e pós graduado enquanto docente nas áreas da Estratégia e da Comunicação, o seu trabalho foi já divulgado em algumas das mais prestigiadas publicações da área dos negócios nacionais e internacionais.
Wednesday, November 4, 2015
[PT] Lições de S. Mateus e Abraham Lincoln para a Europa de hoje - A casa dividida
"Uma casa dividida contra si mesma não consegue permanecer"
O discurso da Casa Dividida foi proferido por Abraham Lincoln em 16 de junho de 1858, em Springfield, Illinois ao aceitar a indicação do Partido Republicano, fundado contra a escravidão, para concorrer ao Senado.
A preleção de Lincoln tornou-se uma duradoura imagem do perigo da desunião provocada pela escravidão e um dos seus mais famosos discursos.
Foi inspirada por Mateus12:25 que reza "Todo reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda cidade ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá." Ao falar que "uma casa dividida contra si mesma não pode permanecer" o político estava se referindo à divisão da nação Norte-Americana entre estados libertários e escravocratas. Oito anos antes deste discurso, durante o debate no Senado sobre o Compromisso de 1850, Sam Houston já havia proclamado: "Uma nação não pode ficar dividida contra si mesma.”
Lincoln avisa que para a união prevalecer ou haverá escravidão em toda a união ou sera abolida em toda a união. Os acordos feitos até ao dia simplesmente adiavam o inevitável. A União Europeia de 2015 apresenta paralelos aos EUA de 1858: a divisão entre estados soberanos com economias mais avançadas ao Norte e menos produtivas mas muito trabalhadoras do Sul.
O continente e os países também se dividem entre “esquerda” e “direita.” Embora o ser humano enquanto propriedade total seja ilegal em toda a UE, temos hoje novamente um debate sobre a liberdade e o valor da vida de uma classe de humanos. Em 1858, os EUA estava dividido entre aqueles que defendiam a instituição da escravidão por ser integral para a sua economia, justificada pelo racismo e superioridade de uma raca sobre as outras - e aqueles que queriam abolir a escravidão.
Os estados que haviam abolido a escravidão foram forçados a inovar e industrializar, tornando-se economicamente independentes da escravidão (com a excepção do comércio com estados escravocratas, que sentiam que os estados mais industrializados se enriqueciam à sua custa - outro paralelo).
Em 2015, a UE se encontra dividida entre aqueles que defendem a neo-escravocracia do neoliberalismo e aqueles que a opõem. Toda uma classe de pessoas são consideradas superiores: os mega-ricos. São super-ricos por serem inteligentes, prestáveis, generosos e muito trabalhadores - julgam-se. São os criadores de emprego, da inovação e riqueza, dizem. Em contraste, há o mito complementar: que existem os inferiores, preguiçosos, desonestos, sangue-sugas - e para os mais extremos, os de sangue impuro: são os pobres – gente sem talento, inteligência, e esforço. Muitos não valem nada neste sistema dishumano, uns valem um pouco, consoante o seu valor no mercado competitivo que se serve cada vez mais dos seres humano, em vez de os servir.
O ser humano de pele escura era considerado inferior e só tinha valor na medida que seu trabalho servisse as elites. Para a não-elite, servia como classe inferior e financiadores de seus serviços sociais. Hoje, o racismo não foi totalmente ultrapassado, mas a falta de solidariedade não se limita à cor da pele. Há liberdade de ser propriedade de outro, mas não há liberdade da necessidade e do sofrimento para a maioria. A necessidade e sofrimento de uns são considerados mais importantes do que a dos outros. O sofrimento do Alemão nobre, vale mais do que o sofrimento do Alemão pobre e do Grego supostamente preguiçoso – sem falar do refugiado. Se o Espanhol não tem trabalho é porque vale menos e não merece a mesma dignidade, é o que se julga.
A necessidade da Portuguesa, diz este sistema, não interessa tanto porque deve ser uma irresponsável paradisíaca que merece a sua condição inferior, porque é mal-habituada, desonesta e preguiçosa – só serve se trabalhar mais e ganhar menos... Se for mais como escrava e menos como gente. Serve mesmo se só trabalhar sem direitos e se ganhar só o suficiente para ter uma subsistência mínima. Pelo menos davam de comer e abrigo aos escravos - havia que proteger a propriedade, o investimento. Mas se for desobediente e não produzir o suficiente, o frio sistema não vai ter saudades da parasita. Ela é a nova versão da escrava Africana ou do Ameríndio da Era de Lincoln.
Tem liberdade de expressão que tem medo de usar pois pode perder o trabalho ou as poupanças de os bancos não gostarem do que diz um povo, mas não pertence 100% a ninguém como naquela era. Mas se não consegue ser prestável a uma elite global neoliberal como uma boa escrava quanto mais horas da sua vigília seja possível, não terá uma vida digna. Não por falta de recursos na Europa, mas sim porque a Europa ainda não aceitou que um Português ultra-rico vale tanto como um Polaco sem conta bancaria. Que uma mãe Belga vale tanto como uma mãe Italiana. E que só há força, paz e prosperidade sustentável na união.
A passagem mais conhecida do discurso de Lincoln é: "Uma casa dividida contra si mesma não pode permanecer. Acredito que este governo não pode suportar, permanentemente, ser metade escravo e metade livre. Eu não espero a divisão da União - Eu não espero ver a casa cair - mas espero que ela deixe de ser dividida.
Ela terá que se tornar toda uma coisa ou outra. Ou os adversários da escravidão irão deter a propagação da mesma, e a opinião pública deve repousar na crença de que deva ser extinta definitivamente, ou seus defensores irão estendê-la adiante, até que ela se torne legal em todos os Estados, velhos ou novos - Norte como no Sul."
E nós? Vamos ter uma união de estados soberanos em que todos tem os mesmo grau de liberdade, de acesso a oportunidade, o mesmo valor como seres humanos? Não vamos ter os mesmos resultados, a mesma prosperidade, a mesma cultura, mas enquanto não concordarmos nos mesmos direitos e deveres do ser humano, as sementes da desunião e do conflito germinam.
Nos EUA existiam 3 cenários: um continente unido escravocrata, um continente unido abolicionista, ou a desintegração em dois eixos em conflito. Todos sabemos o que ocorreu.
Uma Europa que respeita e garante a liberdade e dignidade de todos os cidadãos e a soberania de auto-determinação de todos os estados e regiões autónomas é a única Europa de paz, segurança e prosperidade duradoura.
Hoje temos mais confisco e menos direitos e oportunidades: e neste clima injusto, menos confiança, mais xenofobia e nacionalismo, menos solidariedade. O que todos os Europeus querem e foram prometidos é igualdade de oportunidade e maior aproximação perante as grandes decisões, verdadeira cooperação e sinergia na esfera económica que investe no desenvolvimento de cada um, e liberdade e diversidade plena na esfera cultural, embora unidos por valores humanos universais. Em vez de culparmos os demais, temos que re-encontrar e agir em concerto de acordo com os melhores valores que conhecemos.
Toda a vida tem o mesmo valor e sua liberdade de expressão, de consciência, mas também das necessidades vitais, libertará todos os Europeus para desenvolverem-se e, no processo, servirem o bem comum com seus talentos. Ninguém nos vai entregar a justiça: temos que defendê-la com resistência pacífica mas pro-activa e firme.
Não há paz sustentável para todos enquanto prevalecer injustiça para alguns. Não há desenvolvimento sustentável para o continente, enquanto tolerarmos o sofrimento de milhões e o desperdício do maior recurso: o potencial humano. Não há união, enquanto uns valem mais que outros. Um continente dividido esquerda e direita, norte e sul, do estado e do privado, empresário e trabalhador... um país, um continente dividido contra si mesmo, não subsistira.
Hoje, mais do que nunca, a união em torno do valor do ser humano e do seu potencial pode fazer da Europa a região mais livre, solidária, igualitária, ética, verde, unida e desenvolvida do mundo.
A divisão, poderá torná-la – novamente – num reino de opressão e violência. A escolha é nossa: Força pela união ou cada vez maior subjugação. Colaboração ou competição. Deixar um futuro melhor para os netos ou traí-los. Ou largamos a ilusão das cores partidárias e ultra-nacionalistas, defendendo valores universais, mantendo as culturas e valores individuais e colectivos sem roubar a dignidade “do outro,” ou agravamos as condições impostas pelo dogma mercantilista neo-liberal, marchando em direção da cor que já cobriu a Europa duas vezes nos últimos 100 anos: a cor do sangue, que é igual nas veias do Português e da Finlandesa – e já agora, de todos os seres humanos.