Friday, November 6, 2015

[PT] MUDAR É FÁCIL, DIFICIL É QUERER MUDAR... - Paulo Vieira de Castro



MUDAR É FÁCIL, 
DIFICIL É QUERER MUDAR...
- Paulo Vieira de Castro

Não raras são as vezes em que me perguntam por onde começar a mudança. Fazendo uma sempre necessária pausa, respondo: e, por onde haveria de ser? Por si! Porquê estar à espera que os outros o façam?!

Mudar, transformar-se, parece ser um desafio demasiado exigente. Afinal trata-se de alterar o curso de uma vida e isso não é tarefa fácil para a maior parte de nós! O mesmo se passa com as empresas, com as famílias, as escolas, com os relacionamentos...Quando decidimos mudar, fazemo-lo partindo da obrigação de resolver as coisas mais difíceis em primeiro lugar. Habitualmente, é isto que torna impossível tal tarefa, seja na vida particular, nas empresas, em comunidade, etc... Esta é uma opção errada mas, entre os ocidentais, muito comum.

Quando temos vários problemas só deveremos resolver um de cada vez, assim manda o bom senso. Mas, como poderemos hierarquiza-los? Explico aos meus alunos como o fazer pedindo-lhes para imaginarem uma cesta com vários tipos de fruta. Para este exercício, escolho o aluno que afirma detestar fruta de qualquer tipo. Se eu lhe pedir para tomar uma decisão tão simples quanto escolher a peça de fruta que mais gosta, para comer naquele momento, ele responde que não gosta de nenhuma, enredando-se num esquema mental sem fim...  Assim, enfrentamos não um problema, mas vários. Os diversos tipos de fruta representam uma multiplicidade de problemas para este aluno. Contudo, se eu colocar o desafio de uma outra forma, pedindo-lhe para começar por eliminar a fruta que menos gosta, ele já será capaz de chegar a um resultado diferente. Sem que disso tivesse um conhecimento anterior, ele sabe agora qual a fruta de que mais gosta afinal, desbloqueando uma situação que todos julgavam sem solução à vista.

Só eliminando os problemas menores no início, teremos maior consistência na resolução das maiores dificuldades. A isto se chama há mais de 500 anos Kaizen; estratégia para a mudança. Esta palavra é, ainda para muitos, desconhecida. Kai significa mudança, Zen a filosofia que resulta do milenar convívio entre o budismo e o taoismo. No pós-guerra, o Kaizen foi, no Japão, a principal via para a excelência. Nos nossos dias, aplica-se em algumas das empresas mais importantes da economia global. E por que não haveríamos de aplicar isto ao comum dos mortais? Nas empresas, nas famílias, nas escolas,… O Kaizen alertou-nos para algo que está, agora, amplamente provado pela ciência moderna. Os pequenos passos suprimem a resistência do cérebro ante a necessidade de assumir um novo comportamento. Corrigir pequenos erros torna-se, assim, fundamental antes de chegar a resolver aqueles que se nos afiguram como intransponíveis pela sua dimensão. Para que tal seja possível, deveremos promover nos nossos relacionamentos o espírito wa, a harmonia. Esta é uma qualidade que deveremos levar para todos os  ambientes.

Dependemos sempre de pequenos passos

Comecemos por entender como gerir a mudança ao nível mais simples. Tenho para mim que, na atualidade, Shakespeare se tornou num incontornável autor de autoajuda. Ele ensinou-me muitas das coisas óbvias da vida, por exemplo, que nunca deveremos criar expectativas, porque isso dói; que antes de falar, deveremos escutar; que antes de escrever, deveremos pensar; que antes de ferir, deveremos sentir. Antes de odiar, amar; antes de desistir, tentar. Só deste modo, antes de morrer, poderemos afirmar ter vivido. E quantos se esqueceram já disto?! Agora, tente praticar esta nova perspectiva de estratégia relacional. Os resultados serão imediatos, independentemente do ambiente em que se encontra, ou seja, quer faça tal exercício na empresa ou na esfera privada. São, apenas, pequenos passos… Mas qual seria para este autor a nossa maior responsabilidade? Escolher simplesmente entre “ser ou não ser; eis a questão...”. Ao mundo, chamou um imenso cenário de dementes. No destino, viu as mãos que baralham as cartas, remetendo para nós – humanos – a responsabilidade de todas as escolhas; afinal somos só nós que jogamos... Como homem que não conheceu o medo, considerando-o como a mais amaldiçoada das paixões, encontrou, ainda, na dúvida a maior das traidoras ante o medo de arriscar, mudar...

Veja que em nenhum momento fiz depender estas grandes e pequenas mudanças de um orçamento milionário. Não será por questões orçamentais, pelo efeito da crise, pelo exagerado detalhe das minhas propostas que deixará de as implementar. Então, o que é que lhe falta para começar por corrigir os pequenos erros?  Eu respondo, com  pequenas soluções... 

Paulo Vieira de Castro – autor e conferencista  (geral@paulovieiradecastro.pt)

Foi mentor do Modelo de DOSHU (Dharma Marketing ) com vista à introdução de práticas ancestrais e da filosofia oriental no mundo da liderança empresarial ( 2006 ). Foi autor de: “Dharma Marketing – A Espiritualidade no Mundo dos Negócios” (2011), “Gestão Samurai – Servir para Liderar” (2013) e “Viva a Crise – O despertar da  consciência em Tempos de Incerteza” (2014). Foi  co-autor do manual “Marketing em Contexto de Mudança”, editado pela Universidade Lusíada (2012) e da obra “Economia e Espiritualidade - Reformando o Mundo dos Negócios" (2012). Estando há mais de uma década ligado ao ensino graduado e pós graduado enquanto docente nas áreas da Estratégia e da Comunicação, o seu trabalho foi já divulgado em algumas das mais prestigiadas publicações da área dos negócios nacionais e internacionais.

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